quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

UM ANO DE ATUAÇÃO DO OBSERVATÓRIO...

As atividades divulgadas até então, compreendem as ações extensionistas desenvolvidas pelos membros dos projetos “Observatório Ambiental de Serra Talhada: buscando transformações na qualidade de vida de moradores do entorno do Reservatório do Saco” e “Caracterização Ambiental Participativa e sua relação com a saúde na comunidade do Mutirão (Serra Talhada, PE)”. Tais atividades foram financiadas pela Pró-Reitoria de Atividades de Extensão da UFRPE e ocorreram no período de Março à Dezembro de 2011, visando promover uma melhoria na qualidade de vida das comunidades-alvo através das informações fornecidas. 
Além disso, a missão do Grupo se estende à divulgação de atividades de pesquisa desenvolvidas na Unidade Acadêmica de Serra Talhada, bem como outras ações, notícias, curiosidades e opiniões relevantes para a região. Dessa maneira, a equipe Observatório Ambiental do Semiárido completa seu primeiro ano de atuação e agradece ao apoio de todos aqueles que colaboraram para o cumprimento do nosso trabalho. 



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

FLORA E VEGETAÇÃO DA SERRA TALHADA: MONUMENTO NATURAL, PAISAGÍSTICO E HISTÓRICO QUE MERECE SER PRESERVADO!

(Por André Laurênio de Melo, Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Serra Talhada/UFRPE)

A serra Talhada, localizada no semiárido do estado de Pernambuco, é o mais importante atrativo paisagístico da cidade de Serra Talhada. Pela sua posição, história, riqueza fisionômica e biológica, tem grande potencial para o turismo ecológico-educativo, embora este segmento seja pouco explorado na área. Neste contexto, a flora e a vegetação de caatinga que recobre a serra merecem especial atenção pela diversidade de formas, cores e interessantes aspectos ecofisiológicos, que englobam a perda de folhas nos períodos de estiagem e as florações chamativas, especialmente dos ipês-roxos e das diversas espécies de Ipomoea, rosadas ou azuis, plantas conhecidas localmente como salsas.
Com cerca de 810 m de altura máxima, a serra Talhada quase faz sombra sobre a cidade homônima. Entretanto, a relação dos moradores desta cidade com o referido monumento, ora é de admiração, ora de indiferença, chegando mesmo a passar despercebido apesar do seu enorme tamanho. A carência de estudos científicos realizados na região dificulta o interesse pela diversidade biológica ali encontrada, visto que o elo entre a academia, as escolas e a população em geral, é o conhecimento que pode ser disseminado e despertar as consciências.
A serra Talhada é recoberta pela caatinga, também conhecida como vegetação caducifólia (que perde as folhas periodicamente) espinhosa. Nesta formação, predominam arbustos e árvores de pequeno porte, microfilos (com folhas pequenas) e com evidente perda de folhas no período de estiagem. O estrato herbáceo (composto por ervas e pequenos arbustos) é rico e efêmero, não resistindo a seca e, rapidamente, aparecendo quando começam as chuvas, graças a um eficiente e vasto banco de sementes deixado no solo na estação chuvosa anterior.
Um estudo recente desenvolvido pelo biólogo Rodrigo Soares Cordeiro, realizado na porção norte da serra Talhada registrou 60 espécies de árvores, duas delas, a aroeira (Myracrodruon urundeuva) e a braúna (Schinopsis brasiliensis), consideradas ameaçadas de extinção pelo Ministério de Meio Ambiente. São comuns também na vegetação espécies conhecidas como marmeleiro (Croton blanchetianus), pata-de-vaca (Bauhinia cheilantha), velame (Croton rhamnifolioides), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e catolé (Syagrus oleracea). Outro grupo de plantas se sobressai na paisagem, são as cactáceas, como o mandacaru (Cereus jamacaru), o xique-xique (Pilosocereus gounellei), o facheiro (Pilosocereus chrysostele), a palmatória (Tacinga palmadora), o quipá (Tacinga inamoena) e o rabo-de-raposa (Harrisia adscendens) e, as bromeliáceas, especialmente a macambira (Encholirium spectabile), que forma vastas touceiras onde se destacam grandes pendões florais.
A despeito da importância da serra Talhada como monumento natural, a sua vegetação vem sofrendo crescente depredação, seja pela pressão da urbanização e suas culturas e criações que já chegaram aos pontos mais altos da serra, seja pela retirada seletiva de madeira para construção de cercas e fabricação de carvão.
É importante que a serra Talhada seja preservada em toda a sua magnitude, pela natureza e pelo homem, mas não apenas para usufruto de poucos. A população que a rodeia só poderá se orgulhar do seu mais imponente monumento se ele for mantido e forem sanados os problemas com a exploração desenfreada dos seus recursos naturais.

VAMOS TRANSFORMAR A SERRA TALHADA EM UMA SALA DE AULA AO AR LIVRE!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CINE EDUCATIVO: BUCHO SEM BICHO

        As parasitoses intestinais constituem-se em grave problema de saúde pública especialmente nos países em desenvolvimento onde são endêmicas, contribuindo para problemas econômicos e sociais (Silva e Santos, 2001; UNEP, 2006). No Brasil, as enteroparasitoses são freqüentes, especialmente entre as crianças e as principais conseqüências são: diarréia crônica, má-absorção, anemia ferropriva, baixa capacidade de concentração e dificuldades no aprendizado. (KUNZ,2008)
        A prevalência das   enteroparasitoses, cuja transmissão se dá pela via fecal-oral ou penetração  pela pele, é maior nas áreas de baixas condições sócioeconômicas e carentes de saneamento básico, incluindose o tratamento de água, esgoto, recolhimento do lixo e o controle de vetores (Castro et al., 2004; Ferreira et al.,  2004; Basualdo et al. 2007; Teixeira, et al., 2007).
        Para que uma população tenha o mínimo de qualidade de vida, é necessário que saneamento básico não seja apenas uma palavra, mas uma realidade. Como a comunidade do Mutirão localiza-se em uma área em que poucas ruas são calçadas, é comum encontrar esgotos abertos, bem como crianças brincando nas proximidades, muitas vezes até descalços. A equipe do Observatório realizou uma oficina para que eles conhecessem os principais parasitas e doenças parasitárias que ocorrem na região.
    A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e para ampliação da rede de significados construtivos tanto para crianças como para os jovens. Para a realização de uma atividade de conscientização mais eficiente sobre as parasitoses no bairro do Mutirão, foi realizada a exibição de um filme com as crianças do Grupo PETI. A escolha desse recurso foi feita com o intuito de dinamizar a transmissão do conhecimento para o público-alvo.       

Confira como foi o "Cine PETI":










sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ENTREVISTAS COM A POPULAÇÃO DO ENTORNO DO AÇUDE SACO I

Os resultados desta pesquisa foram apresentados pela aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UAST/UFRPE, Cássia Poliana Príncipe Nunes, na XI Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão - JEPEX/2011.

               As ações do Observatório Ambiental do Semiárido funcionam como um veículo de difusão para a sociedade de informações que muitas vezes passam despercebidas. Partindo disso, a equipe de Extensão realizou entrevistas com os moradores do entorno do Açude Saco I. Essa ação teve como objetivo conhecer a realidade da comunidade conhecida como “Vila do IPA”, no município de Serra Talhada - PE, e posteriormente traçar um perfil da realidade vivenciada por esses moradores, levando em consideração a utilização dos recursos do reservatório, as condições de saneamento as quais estão submetidos, a maneira como é realizado o descarte do lixo e os consequentes impactos ambientais decorrentes dessas ações.
              A partir das entrevistas, pôde-se perceber que o Açude Saco I desempenha um papel de extrema relevância para a população local devido à sua utilização para atividades de pesca,  abastecimento de água principalmente para o consumo e lavagem de roupas (realizadas nas margens) e irrigação para pequenas atividades agrícolas. 75% dos moradores entrevistados realizam a pesca no reservatório apenas para o consumo próprio.
                Quanto às condições de saneamento do local, as residências não possuem rede de tratamento de esgoto, água encanada e coleta de lixo. Observou-se esgotos a céu aberto, grande quantidade de lixo (em sua maioria, latas de alumínio, garrafas e sacolas plásticas), animais soltos (principalmente galinhas criadas para consumo e cachorros) . Os esgotos são despejados ao redor das casas e o lixo é jogado em terrenos próximos e depois queimado.
                Todos os moradores utilizam a água para alguma atividade, seja ela para higiene, consumo ou preparação de alimentos. Alguns afirmavam não consumir a água (“Deus me livre, eu mesmo não tenho coragem de beber aquela água. Acho suja”) principalmente no período em que o banho no açude era permitido; essa medida foi instituida devido a queixas da população quanto à grande quantidade de lixo deixada no reservatório pelos banhistas que não eram da comunidade.












FALANDO SOBRE A DENGUE COM CRIANÇAS E JOVENS DO GRUPO PETI NO BAIRRO DO MUTIRÃO (SERRA TALHADA, PE)

 Os resultados desta ação foram apresentados pelas alunas do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UAST/UFRPE, Cássia Poliana Príncipe Nunes e Thays Sharllye Alves Pinheiro, no II Congresso Nacional de Educação Ambiental & IV Encontro Nordestino de Biogeografia, em João Pessoa - PB.

              O Brasil é, dentre os países da América, um dos que vem registrando grandes epidemias de dengue atualmente. O município de Serra Talhada se apresenta como uma das cidades com alto índice de infestação da doença no estado de Pernambuco. Essas atividades tinham como objetivo possibilitar o acesso destes jovens atores às informações sobre a dengue, desde o ciclo de vida do vetor até a transmissão da doença, de modo que as crianças absorvam o conhecimento, despertando o senso crítico a respeito da relação entre a realidade ambiental vivida por eles e a proliferação da doença na comunidade. Inicialmente, uma interação foi feita com objetivo de identificar o conhecimento desses atores sem uma orientação prévia a respeito da doença. Para solidificar as informações observadas durante o questionamento utilizou-se o método de desenhos.
            Após essa etapa, foi realizada uma oficina para esclarecimento do tema, com uma apresentação expositiva de slides abordando informações gerais sobre o mosquito Aedes aegypti, todos os estágios do seu ciclo de vida, os locais propícios para o seu desenvolvimento, os sintomas da doença, o tempo que o vírus permanece no organismo e as formas de prevenção da doença. Com o intuito de aproximar as informações passadas no primeiro momento à realidade dos atores mirins, foi apresentado um teatro educativo. O teatro tinha como personagens duas crianças hipoteticamente com a mesma idade dos atores e o mosquito vetor, conversando sobre a doença. 
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LIXO NO SACO OU SACO DE LIXO?

(Por Jacqueline Santos da Silva, Professora Adjunta da Unidade Acadêmica da Serra Talhada/ UFRPE)

"A disposição de rejeitos da sociedade em ambientes aquáticos é antiga, aparentando uma maneira fácil e econômica de se destinar o lixo produzido. Rejeitos lançados em ambientes aquáticos (rios, mares e açudes) são ``facilmente`` assimilados e desaparecem da percepção humana, criando o mito da capacidade assimilativa infinita desses ambientes. No açude do Saco em Serra Talhada, um trabalho experimental foi realizado para avaliar qual o tipo de lixo encontrado nos arredores do açude e identificar as possíveis fontes de poluição deste importante corpo d`água do sertão pernambucano. Ao chegar nos pontos de coleta, observamos que o açude apresenta diferentes usos pelas populações circunvizinhas. Parte das margens do açude agrega pequenos núcleos de famílias de pescadores e pequenos agricultores,utilizadas para agricultura familiar e uso balnear. Consequentemente...os resíduos encontrados demonstraram a interação do homem com este ambiente. Dizes o que tens no lixo, que eu te direi quem ÉS! Ao avaliar as fontes de resíduos sólidos para o açude do Saco, encontramos que a atividade pesqueira e o lixo doméstico foram os mais expressivos ao longo de suas margens, refletindo o uso do entorno. Dentre os resíduos associados à atividade pesqueira foram os de origem orgânica os mais expressivos (representaram 61% de todo o resíduo amostrado). A categoria Pesca, foi representada pelos restos de peixes deixados a margem pela atividade pesqueira. A categoria plástico representou 38% dos itens encontrados referentes às atividades domésticas, como embalagens, potes, garrafas pets, celofanes entre outros.  No lado oposto a margem da Base de Aquicultura do IPA a área é geralmente utilizada para uso balnear, sendo frequentes resíduos relacionados ao usuário neste lado da margem.  Foram comuns neste ponto copos, pratos e garfos descartáveis, seguido de itens relacionados à pesca e ao uso doméstico. O que isso tudo mostra a você? A necessidade de políticas voltadas a gestão desses resíduos no município, principalmente próximo aos corpos d`água que são tão escassos na região. Depois de mais de 10 anos tramitando no Senado Federal, em fim a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi votada e aprovada em 2010. Agora os municípios estão sendo obrigados a inserirem e apresentarem um Plano de Gestão desses resíduos de forma a mitigar os efeitos desses dejetos na contaminação do solo e da água. Neste sentido o LOPAQ (Laboratório de Oceanografia e Poluição de Ambientes Aquáticos) da UAST estar trabalhando com a contaminação do Açude do Saco bem como do Rio Pajeú. Os resultados destas pesquisas poderão ser utilizadas como subsídio para proteção desses corpos d`água a fim de que o açude do Saco e outros recursos hídricos da região, não se tornem um saco de lixo!"
             

ENQUANTO ISSO, NO LAGO TEMPORÁRIO DA MATA DA PIMENTEIRA...

Os resultados desta pesquisa foram apresentados pela aluna do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da UAST/UFRPE, Leidiane Pereira Diniz, na XI Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão - JEPEX/2011.

Lagos temporários são considerados corpos d’água naturais que apresentam acúmulo durante o período de chuvas podendo diminuir seu volume, ou até mesmo secar, no período de estiagem. A região semiárida apresenta uma grande quantidade de ambientes aquáticos temporários, sendo a maior parte deles potencialmente portadora de uma rica biodiversidade desconhecida pela ciência. O lago temporário da Pimenteira está situado na Estação Experimental Lauro Bezerra, pertencente ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), município de Serra Talhada. Consiste de um trecho de Caatinga com histórico de conservação de cerca de 20 anos, apresentando diversos mosaicos vegetacionais e corpos d’água. A vegetação é arbóreo-arbustiva e os principais corpos d’água estão representados por dois lagos e alguns córregos temporários.
Mesmo com todas as variações desses lagos, os cladóceros, microcrustáceos da classe Branchiopoda, conhecidos popularmente como pulgas d’água devido aos seus movimentos rápidos, apresentam estratégias que asseguram sua diversidade, auxiliando na sustentação desses importantes recursos naturais.
Até o momento, a fauna dos cladóceros associados à vegetação (fitófilos) está representado por treze espécies, sendo duas destas nova ocorrência para Pernambuco.








Figura 1. Alguns Cladóceros Fitófilos (que vivem associados a vegetação aquática) e Planctônicos do Lago Temporário da Pimenteira