sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

LIXO NO SACO OU SACO DE LIXO?

(Por Jacqueline Santos da Silva, Professora Adjunta da Unidade Acadêmica da Serra Talhada/ UFRPE)

"A disposição de rejeitos da sociedade em ambientes aquáticos é antiga, aparentando uma maneira fácil e econômica de se destinar o lixo produzido. Rejeitos lançados em ambientes aquáticos (rios, mares e açudes) são ``facilmente`` assimilados e desaparecem da percepção humana, criando o mito da capacidade assimilativa infinita desses ambientes. No açude do Saco em Serra Talhada, um trabalho experimental foi realizado para avaliar qual o tipo de lixo encontrado nos arredores do açude e identificar as possíveis fontes de poluição deste importante corpo d`água do sertão pernambucano. Ao chegar nos pontos de coleta, observamos que o açude apresenta diferentes usos pelas populações circunvizinhas. Parte das margens do açude agrega pequenos núcleos de famílias de pescadores e pequenos agricultores,utilizadas para agricultura familiar e uso balnear. Consequentemente...os resíduos encontrados demonstraram a interação do homem com este ambiente. Dizes o que tens no lixo, que eu te direi quem ÉS! Ao avaliar as fontes de resíduos sólidos para o açude do Saco, encontramos que a atividade pesqueira e o lixo doméstico foram os mais expressivos ao longo de suas margens, refletindo o uso do entorno. Dentre os resíduos associados à atividade pesqueira foram os de origem orgânica os mais expressivos (representaram 61% de todo o resíduo amostrado). A categoria Pesca, foi representada pelos restos de peixes deixados a margem pela atividade pesqueira. A categoria plástico representou 38% dos itens encontrados referentes às atividades domésticas, como embalagens, potes, garrafas pets, celofanes entre outros.  No lado oposto a margem da Base de Aquicultura do IPA a área é geralmente utilizada para uso balnear, sendo frequentes resíduos relacionados ao usuário neste lado da margem.  Foram comuns neste ponto copos, pratos e garfos descartáveis, seguido de itens relacionados à pesca e ao uso doméstico. O que isso tudo mostra a você? A necessidade de políticas voltadas a gestão desses resíduos no município, principalmente próximo aos corpos d`água que são tão escassos na região. Depois de mais de 10 anos tramitando no Senado Federal, em fim a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi votada e aprovada em 2010. Agora os municípios estão sendo obrigados a inserirem e apresentarem um Plano de Gestão desses resíduos de forma a mitigar os efeitos desses dejetos na contaminação do solo e da água. Neste sentido o LOPAQ (Laboratório de Oceanografia e Poluição de Ambientes Aquáticos) da UAST estar trabalhando com a contaminação do Açude do Saco bem como do Rio Pajeú. Os resultados destas pesquisas poderão ser utilizadas como subsídio para proteção desses corpos d`água a fim de que o açude do Saco e outros recursos hídricos da região, não se tornem um saco de lixo!"
             

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